Desenvolvendo a Docência

PRIMEIRA SEMANA DE REGÊNCIA...


  Desde o primeiro dia fiz o contrato didático, mostrando a eles o que era aceito na sala e quais comportamentos eram inconvenientes. Além disso, dei uma visão geral sobre o que iríamos aprender durante nossa trajetória, e que atividades estariam sendo realizadas.
  O contrato didático é definido por Brousseau (1982) como o conjunto de comportamentos do professor que são esperados pelo aluno e o conjunto dos comportamentos do aluno que são esperados pelo professor. Esse contrato é o conjunto de regras que determinam explicitamente em uma pequena parte, mas sobretudo implicitamente em grande parte, o que cada elemento da relação didática deverá fazer e que será, de uma maneira ou de outra, válido para o outro elemento. Ou seja, é o conjunto de relações estabelecidas entre o professor, os alunos e o conhecimento. São as expectativas do professor em relação aos alunos e destes em relação ao professor, incluindo-se, nessa relação, o saber e as formas como esse saber é tratado por ambas as partes. 
  De acordo com Gálvez (1996), essas relações estabelecem-se através de uma negociação implícita entre professor e alunos. Esse contrato define as regras de funcionamento da relação, dentro da situação didática. Como, por exemplo, o direito de falar e de ouvir de cada uma das partes, a forma de relacionamento dos alunos dentro da sala de aula, a forma de relação desses com o professor, a distribuição das responsabilidades, a determinação de prazos, a proibição ou permissão do uso de determinados recursos, etc.
 Quando comecei a explicar sobre os protocordados e cordados, os alunos elogiaram bastante minha aula expositiva e se mostraram muito motivado a aprender com minha explanação. Ensinei sobre a evolução dos cordados e protocordados. Contei sobre as diferentes formas de  explicar a origem das espécies, (pode ser do ponto de vista religioso ou científico), e expliquei sobre o que unia o ser humano aos cordados segundo a teoria da evolução. Também contei aos alunos quem foi Darwin e  o efeito de sua teoria na nossa sociedade. Senti bastante que os alunos gostaram bastante dessa primeira aula, pois participaram bastante com perguntas. 
  A forma como trabalhei os assuntos de biologia ao longo do estágio foi tentando contextualizar o conhecimento, a qual acredito que seja o modo capaz de retirar o aluno da condição de espectador passivo.
  A contextualização evoca, por isso, áreas, âmbitos ou dimensões presentes na vida pessoal, social e cultural, e mobiliza competências cognitivas já adquiridas (PCN, 2000).
  Tratando-se do ensino de Biologia, o professor deve contudo relacionar os conteúdos científicos ao cotidiano, sem que para isso, a disciplina seja vista como “decoreba”, ou rotulada como “matéria de nomes difíceis”; deve ajudar o aluno a conceituar  as concepções  da própria vida. Esses conhecimentos devem contribuir para que os seres humanos em geral sejam capazes de usar o que aprenderam ao tomar decisões de interesse individual e coletivo, diante de um quadro ético de responsabilidade e respeito considerando seus papéis na biosfera (KRASILCHIK, 2008).

SEGUNDA SEMANA DE REGÊNCIA...


 O conteúdo abordado no plano semanal foi sobre o Subfilo Vertebrata. Além da aula expositiva, foi solicitada à turma que respondessem o quadro comparativo, a fim de comparar as principais classes do subfilo.
 Ao longo do estágio, procurei administrar o conteúdo com o apoio da turma, pois considero essencial  para permitir um convívio sadio e conseguir lecionar o conteúdo. Dessa maneira, estabeci um bom diálogo, para que os alunos entendessem a minha responsabilidade e as deles, além dos momentos de descontração, é claro. O resutlado dessa minha conduta em sala de aula, foi que os alunos demonstraram um grande apreço e respeito por mim. 
 Desta forma, o ponto chave para a realização de todas as atividades do estágio é a necessidade de se estabelecer uma relação harmônica, respeitosa e de confiança com os alunos (ANTÚNEZ apud BINI & PABIS, 2008), criando deste modo, as condições que possibilitem o diálogo, a criatividade e a construção de conhecimentos. 
 Os assuntos foram introduzidos procurando sempre estabelecer uma ligação com o conhecimento prévio da turma. 
 Essa postura revela a preocupação em promover uma educação significativa aos educando, não-mecânica e obrigatória (MOREIRA & MASINI, 2006).
 A metodologia mais comumente empregada foi a aula expositiva dialógica, ao qual os alunos reagiram de modo positivo, pelo fato de terem participado bastante da aula com perguntas e até mesmo comentando sobre o assunto. 
 É importante ressaltar que a aula expositiva é uma técnica de ensino semelhante às demais, apresentando vantagens e limitações, exigindo determinadas condições para ser bem sucedida. Numa perspectiva crítica, a aula expositiva pode se transformar numa técnica que estimula a atividade e a iniciativa dos alunos sem prescindir da iniciativa do professor; favorece o diálogo entre professores e alunos, e dos alunos entre si, sem cair numa prática permissiva; e considera os interesses e experiências dos alunos sem desviar-se da sistematização lógica dos conteúdos previstos nos programas de ensino (LOPES, 1993).  
 Na aula expositiva tradidicional o professor se coloca como uma autoridade que transfere conhecimento aos alunos; na aula dialógica, embora permaneça como o sujeito domina o saber, o professor dá ao conteúdo um caráter democrático uma vez que a forma de apresentar o saber é compartilhada com os alunos (LOPES, 1993).  
 Outro método aplicado constantemente ao longo do estágio foram exercícios. Este método também teve resultado positivo, pois quando eu aplico em sala de aula, eles se mpre se mobilizaram para responder. 
 Segundo Marion (1999), a resolução de exercícios deve ser usado de modo complementar às aulas expositivas, servindo para fixar e compreender melhor o ensino teórico.

TERCEIRA SEMANA DE REGÊNCIA...

  O conteúdo do plano de aula foi Sistema Digestivo. Após a aula expositiva, pedi aos alunos para responderem o exercício sobre o assunto. Como nas aulas anteriores, os alunos mantiveram-se envolvidos com a aula e o plano pode ser concluído como planejado, além disso manteve-se um clima tranquilo e respeitoso entre professor e alunos. Entretanto, observei que os alunos não sabiam a base para entender sistema digestivo, que é o assunto nutrição, que fala sobre proteína, carboidratos, lipídios, enzimas etc. Enfim, tive que explicar o que era cada um. Alguns mostraram não apresentar uma boa bagagem de conhecimentos, pois esses assuntos já eram para ser do domínio deles. Desta forma, pude perceber que isso indicava que os alunos estavam desmotivados em aprender.
  Para Burochovitch e Bzuneck (2004), a motivação tornou-se um problema de ponta em educação, pela simples constatação de que, em paridade de outras condições, sua ausência representa queda de investimento pessoal de qualidade nas tarefas de aprendizagem. E ainda, à medida que as crianças sobem de série, cai o interesse e facilmente se instalam dúvidas quanto à capacidade de aprender certas matérias. Quanto mais avançadas às séries, os problemas tendem a ser mais complexos e profundos, por terem raízes naqueles que se originaram nas séries iniciais e por sofrerem influência das novas exigências dos diferentes tipos de disciplinas, aliadas às características evolutivas do aluno.

QUARTA SEMANA DE REGÊNCIA...


  Tive nesta semana de aula uma visita agradável, a professora Cláudia Regina. A professora me transmitiu tranquilidade, em nenhum momento me senti desconfortável com sua presença. Deste modo, me senti bem a vontade e a aula saiu como tinha planejado.   
 O conteúdo abordado no plano semanal foi sobre o Sistema Respiratório. Além da aula expositiva, foi solicitada à turma que respondessem o exercício, a fim de ajudar a fixar o assunto. 
 Os alunos mantiveram-se participativos na aula. Demonstraram grande capacidade de raciocínio. Entretanto, percebi que não possuíam base. Desta forma, precisei ficar sempre tendo que explicar assuntos que já eram para ser do domínio do aluno. Tem alunos que ficavam dispersos na aula, mas não incomodam os que querem aprender. A professora regente me informou, de que no dia 06.11.2010 seria a prova da IV unidade, desta forma, não tive tempo disponível para trabalhar o conteúdo de Reino Plantae. Assim, o meu plano de unidade sofreu modificações. 
 O planejameno serve como uma ferramenta importantíssima para organizar e subsidiar o trabalho do professor, desta forma ele deve ser uma organização das idéias e informações (CASTRO; TUCUNDUVA; ARNS, 2008).
 Uma coisa é certa, em qualquer momento, algumas das ações previstas pelo planejamento não serão concretizadas, mas, saibamos que isto ficará por conta dos fatores adversos, que são difíceis de serem previstos, ou seja, significa que se algo não for realizado como estava previsto no planejamento, uma explicação lógica para a sua não realização deverá partir do professor para justificar a tal mudança. O mais importante deve ser a postura de comprometimento que o professor deverá assumir, visando a prevenção de uma possível acomodação, já que o planejamento pode assumir uma postura flexível em alguns raros momentos (GAMA; FIGUEIREDO, p. 12).  

QUINTA SEMANA DE REGÊNCIA... 


  Nesta semana de aula, foi feito uma revisão sobre os assuntos da prova: Sistema Digestivo e Respiratório, através da correção dos exercícios aplicados nas aulas anteriores.
 Quando entrei na aula, os alunos estavam ansiosos com a nota da feira de cultura. Uma professora de matemática estava anunciando em sala em sala a nota de cada um. A maioria dos alunos já estavam passados em biologia. E mesmo assim, educadamente ficaram na sala prestando atenção na aula e participaram da correção dos exercícios de revisão. Isso me deixou bastante contente com meu trabalho. Desde o primeiro dia os alunos me disseram que gostaram da minha aula e que iriam assistir com prazer as aulas de biologia. Não dei tanta importância, já que alunos às vezes falam para agradar. Mas o ato dos alunos continuarem na sala mesmo passados de ano, tornaram os comentários feitos no primeiro dia de aula repletos de valor. Pois, pude perceber não só o aumento do interesse dos alunos, mas também estava visível a relação afetiva que estabeleceram com minha pessoa. Acredito que o interesse dos alunos pelas aulas de biologia ministrada por mim, foi devido a minha postura de explicar o conteúdo com descontração e ter mantido um diálogo com os alunos.
  Conforme expõe Bini e Pabis (2008),o diálogo põe em circulação uma pluralidade de pontos de vista, e é possível uma cobrança maior dos alunos e dos professores, uma vez que houve comum acordo entre as partes, facilitando, assim, a solução dos problemas que acontecem na sala e que prejudicam o bom andamento das aulas. Porém, é preciso que tanto os professores, como os alunos, estejam abertos para ouvir as dificuldades e as críticas que devem ser feitas sempre construtivamente, para que juntos encontrem uma forma que seja mais proveitosa de trabalho em aula. 
  Segundo o mesmo autor, os alunos gostam de um professor que coloca um pouco de humor durante suas explicações, tornando a aula mais descontraída, e ao mesmo tempo conscientizando-os da importância da atenção e da participação para uma aprendizagem eficaz. É preciso criar no aluno o senso de responsabilidade e de reconhecimento de limites.
  
SEXTA SEMANA DE REGÊNCIA...

 
  
 Esta semana foi feita aplicação da prova na turma, cujo conteúdo foi o Sistema Digestivo e Respiratório, a fim de se verificar a aprendizagem.
 Para Luckesi (1995), o ato de avaliar implica na coleta, análise e síntese de dados que configuram o objeto da avaliação acrescido de uma atribuição de valor ou qualidade, que se processa a partir da comparação da configuração do objeto avaliado com um determinado padrão de qualidade previamente estabelecido para aquele tipo de objeto. O valor ou qualidade atribuído ao objeto conduzem a uma tomada de posição a seu valor ou contra ele. 
 Um ponto que nós professores temos que ter em mente, é o fato de que embora a avaliação através de prova seja essencial, não acredito que a nota tem que ser o único critério para reprovar aluno. Pois, não podemos questionar o conhecimento dos alunos com base em desempenho em um único momento. Todo professor conhece seus alunos, tanto pelas dificuldades na disciplina e sabe quem é bom aluno mesmo não tirando uma nota boa na prova.   Além disso, quando o aluno é reprovado, o professor não cumpriu seu papel também com sucesso, pois o fato do aluno ficar com um desempenho ruim na prova, fica subentendido que o professor não foi capaz de perceber que o aluno não estava indo bem e tampouco usou meios de desenvolver o aluno para que ele supere suas dificuldades.  
 O valor da avaliação encontra-se no fato do aluno poder tomar conhecimento de seus avanços dificuldades. Cabe ao professor desafiá-lo a superar as dificuldades e continuar progredindo na construção dos conhecimentos (LUCKESI, 1999).
 
REFERÊNCIAS:

BINI, L.R & PABIS, N. Motivação ou interesse do aluno em sala de aula e a relação com atitudes consideradas indisciplinares. Revista Eletrônica Lato, 2008. Disponível em [http://www. unice ntro. Br]. Data de Acesso em: 27. Fev. 2011. 
BORUCHOVITCH, E; BZUNECK, J. A. (Orgs). A motivação do aluno: contribuições da psicologia contemporânea. 3. Ed. Petrópolis: Vozes, 2001.
BROUSSEAU, G. Ingéniere didactique. D’un problème à l’étude à priori d’une situation didactique. Deuxième École d’Été de Didactique des mathématiques, Olivet : 1982.
CASTRO, Patrícia Aparecida Pereira Penkal; TUCUNDUVA, Cristiane Costa; ARNS, Elaine Mandelli. A Importância do planejamento das aulas para organização do trabalho do professor em sua prática docente. 2008.
GAMA, Anailton de Souza, FIGUEREDO, Sonner Arfux de. O planejamento no contexto escolar. Disponível em: http://www.uems.br/na/discursividade/Arquivos/edicao04/pdf/05.pdf. Data de acesso: 5. Jan. 2010.
GÁLVEZ, G. A didática da matemática. In.: Parra, C. & amp; Saiz, I (orgs.) Didática da Matemática: Reflexões Psicopedagógicas. Porto Alegre : Artes Médicas, 1996. 
KRASILCHIK, M. Prática de Ensino de Biologia. São Paulo, EDUSP, 4. ed. 2008.
LOPES, Antônia O. Aula expositiva: superando o tradicional. In: Veiga, Ilma P. A. (org.). Técnicas de ensino: Porque não? 2. ed. Campinas: Papirus, 1993.
LUCKESI. C. C. Avaliação da aprendizagem escolar. 9. ed. São Paulo: Cortez, 1999.
MARION, E.J. Discussão sobre metodologias de ensino aplicáveis a contabilidade. 1999. Disponível em:. Data de Acesso em: 27. Fev. 2011.
MOREIRA, M. A & MASINI, E. F. S. Aprendizagem significativa: a teoria de David Ausubel. 2. ed. São Paulo: Centauro, 2006.
Parâmetros Curriculares Nacionais (Ensino Médio). 2000. Disponível em: portal.mec.gov.br. Data de acesso em: 27. Fev. 2011.